quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

São Pedro no hospital psiquiátrico

 Ontem foi um dia bizarro aqui na minha cidade. Rolando o feed de notícias só se via água. Enxurrada correndo por dentro das casas, carros submersos, estradas alagadas e bloqueadas, teve até um incêndio gigantesco que fez os bombeiros tirarem todo mundo das casas da região por causa da fumaça tóxica. Abrigos improvisados, tratores resgatando pessoas ilhadas, um cenário de apocalipse de um filme meio tosco. 

Mas aqui pra mim, tenho certeza de que nos bastidores de tudo isso, tinha um São Pedro muito irritadinho quebrando copos pelas paredes do Céu, jogando tudo pelo chão como um astro de rock das antigas num quarto de hotel. Porque ali pelas tantas, a chuva parou do mesmo jeito que veio e o Sol apareceu como se só tivesse perdido o horário do ônibus para chegar no trabalho. Meu celular não despertou, ele disse. A gente sabe bem como a tecnologia nos deixa na mão na hora que a gente mais precisa. 

Hoje o dia está brilhando, as folhas estão verdes e felizes depois de tanta chuva. O pato foi embora junto com as garças, a procura de um novo toró para se esbaldar. Não julgo, o céu de uns é o inferno de outros. 

Então oficialmente começamos a temporada dos atendimentos de final de ano. Vai ser mais corrido que a minha rotina normal, mas também não vai ser nenhum descalabro. Talvez até dê pra eu continuar minha rotina de escrever e estudar diariamente, mas já deixei a disposição todas as colheres de chá para a ocasião. Vou usar disso como ensaio para ver se consigo trazer a leveza para esses dias mais pesados, ver se consigo manter o equilíbrio e a alegria quando sim, a população aqui de casa já está flertando com o modo surto. Bom, talvez nunca nem tenham saído desse modo. Tudo bem. 

Pequenos passos, pequenas metas, andar devagar e fazer uma tarefa por vez. De preferência seguir assim até que se faça tudo, mas se não fizer também, faço outro dia. Minha última meta desse ano é terminar o ano sem surtos e provavelmente essa é uma meta que vai se estender para todos os recomeços que eu passar, coincidindo com viradas de calendário ou não. É uma boa meta. 

Me deseje sorte.

Até amanhã, quem sabe.

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