quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Insira um título atraente

 Essa foi a frase que me deu boas vindas para o primeiro texto. Porra, aí forçou a barra, né? Que merda de título atraente. Atraente pra quem? Se eu for considerar o que me fez sentar nessa cadeira hoje, ligar o computador - depois de pedir um emprestado porque o meu resolveu que hoje era o dia da sua eterna despedida - e começar a escrever foi totalmente levado pela falta de atração por qualquer coisa que seja. Talvez escrever seja o último watt resistente que insiste em iluminar o fim do túnel. Aquela coisa que me trouxe uma mínima faísca de interesse nesse atual contexto que estou vivendo.

Então não, me desculpe, mas não tenho nenhum título atraente pra hoje. Hoje eu quero apenas ficar atirando meus pensamentos contra esse teclado pra ver se eu encontro algum sentido em alguma coisa. Quem sabe se eu escarafunchar nas coisas todas que já aprendi e escrever aqui sirva como um bom lembrete. Vai que eu pego no tranco. No momento sou aquele fiat 147 subindo o morro. Cansada, tossindo, achando que vou cair pra trás porque meu corpo tá fazendo estralos estranhos e eu não vejo a merda do topo do morro por mais que eu suba. Frear também não é uma opção porque... é um fiat 147, caralho. Não vai ficar parado. Vai descer mais rápido que carrinho de rolimã.

Tem uma discreta vantagem no contexto de hoje que não existia antes, porém. Hoje eu quero viver. Caralho, eu quero muito viver. Espero que os quinhentos livros que eu li não tenham estragado minha expectativa de viver. Mas quem é que eu tô querendo enganar, é obvio que estragou. Talvez minha esperança de viver seja justamente por ver tantas mocinhas se lascando, afinal é sempre a mocinha que se lasca - porque é aí que o mocinho aparece, se toca que ela é a última bolacha do pacote e salva o dia. Se eu quero que alguém apareça e salve o dia? Seria bem conveniente nesse momento, mas não é muito minha praia. Eu gosto da idéia de salvar meu próprio rabo e vencer na vida só pra esfregar na cara da vida e falar "sem tempo irmão" e seguir plena. Acontece que eu não tô com essa bola toda, não hoje. Mas também tô ligada que quando eu tivesse minhas "bolas" recuperadas eu iria botar o heróizinho pra correr também. Cabeça complicada, temos.
Nessa de querer viver fiz alguns avanços. Estudei magia, psicologia, defesa, comecei a frequentar macumba e aprendi vários palavrões novos. Tentei ficar em silêncio, tentei meter o loco, tentei estudar pra caralho, tentei levar a vida mais leve buscando a criança interior e também tentei resgatar a humilde senhorinha que vive dentro de mim, Mas como vocês já sabem o processo não é linear. Um dia eu sou a Mulher Maravilha Xamânica Estelar das 15 Constelações de Andrômeda e por seis meses eu me transformo na larva da mosca na merda do cavalo do bandido. É meu bem, a vida tem sido assim. Não vou nem te oferecer um doce pra adivinhar em que modo de operação estou agora porque não quero nem desperdiçar meus doces.

Desde que me entendo por gente eu fui doente. Convivo com depressão e ansiedade mesmo antes de saber que isso não era frescura. Eu achava que era. Botava tudo isso no rabo de um contexto bem merda com a minha família quando eu era pequena. E depois no contexto de merda que eu vivi quando adolescente. E segui enfiando no rabo da vida até entender que opa, talvez eu tenha um problema. Sempre tive dores estranhas, sintomas que ninguém explicou direito pra mim. Sempre passando mal, sempre indisposta, todos com várias explicações e sempre sem uma solução. Já fiz terapia de tudo quanto é tipo, já fui em médico de toda especialidade, já fiz tanto exame que eu saberia até te recomendar o que fazer se você precisar. Fiquei cinco anos bem doente, três deles passei de cama. Foi um dos momentos em que a vida me puxou o freio e falou "se agilisa" e foi o que eu fiz. Estudei muito porque eu queria entender o que tava acontecendo comigo. Apareceram várias teorias, mas se eu tivesse que te dizer agora a conclusão disso tudo eu só falaria "eu sei lá". Logicamente que isso abriu a consciência pra várias coisas e tô muito mais esperta quando as coisas acontecem.

Processos energéticos, espirituais. Mas até isso me deu um ranço eventualmente. Ao mesmo tempo que podemos sim encontrar várias informações pertinentes na internet, tem muito jovem místico se achando o novo Buda com a solução instantânea para curar sua vida em 3 respiradas profundas. Por mais pessoal que nossa experiência seja, não é assim, um dia a vida vem pra te ensinar - porque você tá aqui é pra isso - e não vai ter respiração profunda que devolva pro eixo não.
A lama vem e você chafurda até achar um jeito de conseguir sair. Enquanto isso não acontece é tiro porrada e bomba. Se eu sou a cavaleira da desesperança nesse momento, então que seja. Atire a primeira bota enlameada quem nunca afundou na lama da vida. Ah é, não vai dar né? Você perdeu as botas e toda a sua dignidade lá no meio. Eu sei a sensação.
Mas se tem uma informação que traz alguma luz pra esse cenário - aquele watt resistente - é saber que tá tudo no lugar. Meus momentos de lama profunda, de depressão, de ansiedade invariavelmente me trouxeram grandes movimentos, grandes ensinamentos. A pergunta que não quer calar é porque caralhos eu simplesmente não consigo evitar cair de novo. Ok, tem mais coisas pra aprender. Mas não dá assim pra ser mais leve? A cabeça tem mesmo que ficar tão distorcida e confusa, o corpo parecendo que apanhou de um rolo compressor histérico? Se o gênio da lâmpada aparecesse agora eu provavelmente pediria por um processo linear. "Isso aqui eu já aprendi". Bom, se eu tivesse aprendido mesmo não tava aqui né?
É meus amigos, eu tô fudida. Mas vamos lá. Provavelmente vou passar mais um dia lendo. Talvez eu nunca mais volte aqui, talvez eu volte amanhã e consiga fazer daqui uma distração/discussão frequente. Não vou botar essa pressão porque não preciso de mais disso. É isso, me deseje boa sorte.

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