quinta-feira, 21 de outubro de 2004

era sempre o mesmo

ela sentada na janela, maldizendo o vento que entrava e arrepiava as maçãs de seu rosto.

era o mesmo amor de sempre, aquele velho:
que ora capengava pelas escadas, ora corria pelos jardins.

acho que era outono.
fechou a janela e achou melhor buscar um novo amor


abriu o livro e sorriu:
estava tão perto e nem tinha notado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

parte I

ah Maria, as veis tenho vontade de chorar, aquelas de se torcer os beiço mesmo...
só de olhar esse povo fudido em vorta da gente

farta até a poeira pra sacudir dos pé
só não farta aquela secura de dentro do peito
e aquela força meio magra de carregar tudo nas costa

se meu choro molhasse a terra que a gente pisa, mas nem pra isso adianta né...

é por isso que nóis continua...

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

tão cegos

os olhos que eu tinha por aquele moço, minha maior ânsia não podia devorar.

mas me livre de dias livres e vazios,
onde eu não quero nem pensar em abrir a geladeira
ou o apetite que dizem que preciso ter

os olhos por aquele moço carregam fardos de dias carregados de um sangue que não se derramava,
mas bem que parecia.

era quando eu deitava e me sentia toda dormente que meus olhos se abriam e queriam procurar quem os fechasse
os matasse
ou calasse simplesmente num suspiro e adormecesse.