quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Água

 Pois então, olha eu escrevendo por dois dias seguidos. 

Eu fiz o que tinha prometido, passei o dia lendo - nenhuma novidade aí. Mas me deixa degustar o sabor da vitória porque também fiz as outras coisas que eu precisava fazer. Mal feito, mas feito, o que na atual conjectura é uma vitória. A que ponto chegamos, minha gente. 

E até estou aqui de novo e de novo sem ideia do que vai sair dessa escrevelança. Resolvi postar aqui nesse blog depois de 5 anos porque é o que já temos e fodacy se o formato do texto agora vai ser diferente. Não espero que ninguém leia mesmo. Vai ser meu diariozinho de injúrias e tá bom demais. 

Hoje acordei e descobri várias piscinas dentro de casa. Coisa de rico, só que não. Várias piscinas de chuva dentro de casa. Uma vitória é não ter surtado. A segunda vitória é ter conseguido pegar meu rodinho e fazer o serviço - boa, Georgia. É, a coisa tá assim. Agora tem um solzinho irônico me espiando pela janela com a maior cara de "ué, o que que eu fiz?". Se desse pra dar uns tapas nesse sorrisinho mequetrefe, eu daria. 

Nunca lidei bem com dias de chuva. Não tenho medo nem nada, eu adoro ver relâmpagos a noite. Mas tem algo ali que me deprime, ainda mais quando são semanas seguidas assim e ainda mais quando a chuva causa tanto estrago como tá causando. A água tem um que de despedida. É uma despedida boa, de falsas esperanças, de coisas pesadas e sujas, ou aquele aviso que é preciso deixar fluir. Tudo junto. 

Chega a ser ridículo esse medo que as vezes me assombra - medo dessas mudanças, dessas limpezas. O que é mais ridículo ainda é olhar pra trás e ver o quanto essas mudanças todas só me fizeram bem. Mas quando tudo o que você tem é ressentimento e uma porrada de sombras, se ver sem elas pode ser assustador. Poder vagar pra qualquer direção é tanto liberdade quanto prisão, depende de como você tá olhando pra vida naquele momento. Nem sempre a gente faz as escolhas conscientemente, muitas vezes a gente só vai indo...

Recentemente aconteceu um babado forte - grande novidade. Eu fiquei doente com risco de ficar cega. Então pedi, mas eu pedi MESMO, pra poder enxergar o que eu não tava vendo, enxergar o que eu tinha que mudar, pra onde eu tinha que ir. E é isso que tá acontecendo. De repente o bueiro se abriu e de lá estão saindo um monte de porcarias que eu botava fé que já estavam resolvidas. E se tem alguém que eu posso culpar, é só a mim, porque eu PEDI. Eu devia ter pensado melhor e ter pedido pra ver como resolver esse babado todo, porque meu tiro saiu pela culatra. Meus olhos estão sob supervisão perpétua mas estão curados, mas o emocional minha gente... que fiasco. 

Talvez essa água toda no meio da minha casa seja tudo aquilo que eu não me dou o direito de chorar. Não consigo. Não consigo porque sei que se eu deixar a peteca cair, eu vou estar sozinha pra catar essa peteca do chão. Não porque não tenho amigos, mas porque essa é uma tarefa solitária mesmo. Ninguém cata suas petecas. No máximo eles ajudam a ter uma ideia melhor de onde ela pode ter caído. Talvez essa tristeza que a chuva me traz seja por acreditar em tudo isso. Por ver ela caindo e isso me lembrar do quanto eu já chovi, enquanto eu tentava desesperadamente passar o meu rodinho pra fazer o serviço e continuar seguindo em frente. Esse é o meu papel, não é? Resolver tudo, ser forte, secar as piscinas dentro do coração dos outros. Não se engane, eu sei que isso tá tudo errado, mas mudar isso tem sido um projeto de uma vida toda. Entender o meu papel, usar essa minha força em meu próprio benefício, porque eu tava sempre em último nas paradas de sucesso. Não mais, mas também não sou nenhum top 3. 

Vamos ver se em algum momento sai uns contos por aqui. Escrevi alguma coisa pelos cadernos por aí, mas não vou nem me dar ao trabalho de procurar, digitar e postar. O significado que eles tiveram naquele momento já não tem mais par aqui, então não faz sentido eu chafurdar mais nesse passado. Vamos em frente, porque o caminho lá de trás eu já conheço. 

Até amanhã, quem sabe. 



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