domingo, 4 de dezembro de 2022

Respirada

 Oh boy, I did it again. 

Fui dormir de madrugada pra terminar um livro, de novo. 

Mas antes que você me venha retorcendo o canto da boca pra esconder a risadinha eu vou me defender. Eu já tava com insônia, ok? O que mais eu podia fazer?

"Como fazer leite em pó" - pesquisar.

Sim eu sei, tem várias coisas que eu poderia fazer além de terminar o livro, mas invariavelmente eu iria estar lendo, então porque não ler aquilo que eu já tinha começado?

Rapaz, estamos com um sério problema de Assembléia de Vozes na cabeça aqui. 

Estou me sentindo melhor hoje, até guardei o advino na gaveta. Achei selvagem. Nem a falta de horas essenciais de sono pegou na lomba por enquanto. Tô alegrinha, mas não vou exagerar muitos nos elogios por aqui porque também não estou nenhuma maravilha. Mas já é um puta avanço, isso é.

 Ontem cheguei muito perto de estrangular meu ukulele, mas fui forte. Estou tentando aprender um bagulho chamado chuck, que é uma soada abafada que dá um ritmozinho. Eu tava ali assistindo um tutorial e a moça muito calmamente explicando, devagar, na gentileza, mas a sensação física era de pane no sistema. Tela preta. Azul, sei lá que cor as telas tem hoje tem dia. No que eu olho pra baixo pra dar aquela suspirada, o primeiro comentário me fez dar risada de tão representada que eu me senti "I´m going to chuck my ukulele out the window". 

Yeah dude, I get it. 

Mas assim, foi suficiente pra me instigar a tentar hoje de novo. Yay.

A nossa conversinha de ontem me fez perceber uma coisa, eu quero que tudo caia do céu. Porque o conceito de cair tudo do céu é lindo, admita. Ser naturalmente boa em alguma coisa sem esforço. Não sei se isso existe de verdade, porque eu vejo que as coisas que eu sou relativamente boa são coisas que eu sentei minha bunda magrela na cadeira e me dediquei. Não sei se isso é causa ou efeito desse momento ruim que estou vivendo, não ter ânimo, energia nem disposição pra realmente me interessar por alguma coisa, mas com certeza não ajuda no ciclo vicioso da frustração.

Ontem conversei com uma amiga pelo telefone e eu fiquei feliz de verdade por ela. Foi legal porque eu realmente queria saber mais sobre o que ela tava contando. Mas mesmo assim a Assembléia Mental tava presente, me lembrando de perguntar mais. Só que foi fácil porque eu já queria saber. Então juntando essas duas pequenas novidades, considerei o dia ganho. Consegui me movimentar na direção de alguma coisa. Bom, são três se considerar que eu ainda estou dando as caras por aqui. Será que agora vai?

De qualquer forma, hoje eu quero tirar o dia pra agradecer. E não é a toa, nem uma disposição milagrosa que eu acordei com. Hoje é o aniversário de dez anos da minha primeira gata e não consigo explicar o quanto ela é importante pra mim. Saber que a vida deles é tão mais curta me faz querer aproveitar o dia de hoje, ela, porque nunca dá pra saber quantos desses dias eu ainda vou poder comemorar com ela. Isso logicamente deveria ser uma disposição de todos os dias e essa é uma fita que eu penso com frequência. Quanto mais eu desperdiço meus dias chafurdando na minha própria merda é a mesma quantidade de tempo que eu estou perdendo da vida deles, de aproveitar a presença deles. Eu sei melhor do que eu gostaria o quanto a vida deles é imprevisível e que estar aparentemente saudável num dia não quer dizer nada, as coisas ascontecem de uma hora pra outra. É aquelas situações "pode ser benção X também pode ser aflição" que eu vivo repetindo por aqui. Mas uma nóia por vez, vou curtir o dia de hoje, mimar e curtir com ela. Senta lá, nóia.

Por outro lado hoje a casa está um caos. Não vou mentir, está um caos há algum tempo, mas hoje está de parabéns. Mas aí fica uma lição sobre escolhas, sobre o como. Vou ter que limpar, vou, mas vou fazer de um jeito que eu consiga ainda aproveitar o dia do jeito que eu quero. 

Esperançosinha ela né? Que orgulho. 

Quem sabe agora vai. 

Até amanhã, quem sabe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário