quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

tic tac

5 minutos
se passaram com m u i t o 
e s f o r ç o...
mas couberam tantos 
passos

e momentos - que não existiramque poderia ter visto um ano inteiro passar por meus olhos

5 minutos
eu vi minha família inteira crescer
e as estações mudarem
de cor na minha janela

e eu ainda esperava...
mais 5 minutos
por 5 minutos

sábado, 18 de dezembro de 2004

espelhos

por todas as partes

que te copiam.
te distorcem.
que riem junto contigo.

e mostra como
tua cara é feia
quando chora.

espelhos
que te traduzem
mas que te enganaram.

eu não vejo nada.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

segmentos

I
ele se vingou como queria
esperou o dia certo
a briga feia
e os móveis no chão.

a noite inteira no sofá

estava atrasado pro trabalho e não dava mais tempo pra desejar bom dia

e era tarde demais pra tentar pedir desculpas.


II
o médico me disse que eu tenho um coração bom. 
fiquei mais aliviada mas eu acho que ele se enganou
porque o menino tá chorando...



III
eu ri quando ela me contou. eu nunca acreditei em horóscopo, nem achei que tivesse funcionado quando todos os astros juraram maravilhas.
mas ela insistia em dizer que era a única forma de encontrar esperança diante dos olhos que não fossem os dele.
deixei ela em paz, já fiz isso um par de vezes

quando eu não tinha coragem de acreditar nos olhos dele.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

simples

escolheu e deixou as roupas esticadas sobre a cômoda
não podia deixar amassasse, afinal não queria fazer feio no primeiro encontro
deixara tudo preparado: cheiros e cores (as flores viriam nos olhos dele)

ele podia ligar a qualquer momento


ligou a tv para ver o tempo passar mais rápido
depois até chorou com um filme que passou...


se viu em um mundo meio confuso, meio sem rumo, e correu as boas lábias de um velho amigo. sempre funciona. aquelas sensações estranhas logo foram embora, e logo era hora de dormir.

fechou a porta do quarto e viu aquelas roupas na cômoda, da mesma forma como quando tinham sido deixadas ali a horas atrás
pra não se atrasar

guardou tudo de volta no armário com um sorriso pequeno. e um suspiro

estava (mais uma vez) fechada a frestinha que tentara abrir...
um tanto arrependida sim, e conformada.
nem pensava porque saira tudo errado.
apagou a luz e dormiu.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

letras

no fim da tarde
vou sentar com meu cigarro 
naquela varanda
que me acolhe
recolhe

todos os dias


e deixar meus pensamentos irem embora...



l e n t a m e n t e.... feito


fu...ma...ça...


conquistando as distâncias
até encontrar algum

lugar

onde possam se
e.s.c.r.e.ve.r


enquanto isso descanso
aqui
com meus miolos

no aspiro ...suave... do ...sossego...

da solidão mais repleta de amigos
contos

sábado, 20 de novembro de 2004

do outro lado

eu dei vivas à modernidade
e mais um gole no meu chá
apenas fechei a janela com aquele click
e afundei naquela poltrona de sempre.

tantos espelhos riram comigo
enquanto eu me divertia 
com as piruetas do outro lado

e dava outro gole no meu chá...

domingo, 14 de novembro de 2004

psssit

ele estava largado no sofá
coçando o saco em frente a tv

que não parava de chiar

ela estava deitada, coberta e confortável...

mas de olhos arregalados
e dentes cerrados

era noite, era barulho
era sono.... era raiva.

era uma idéia.

passos

silêncio.

supresa

estouro.

silêncio...


voltou ao quarto e apagou a luz

boa noite.

segunda-feira, 8 de novembro de 2004

altista

eu
um túmulo
lacrado
vazio.


ou quase.

ainda guardo a esperança


dos outros
de me encontrarem

aqui dentro.

sexta-feira, 5 de novembro de 2004

respiro

embaixo

em cima da Terra
qualquer lugar

refresca
essa minha cabeça
cheia

de minhocas

que eu esfrego no papel.

terça-feira, 2 de novembro de 2004

dia das bruxas

ela se jogou na parede
e descontou sua raiva naquela sala impecavelmente
arrumadinha

não sobrou nada
nem sala
nem o esmalte que ela mal acabara de colocar

toda sua loucura se resumiu nos cacos de vidro espalhados no chão

e no sorriso sarcástico no rosto
que ainda pingava suor 

e algumas lágrimas que sobravam desnecessárias

e pelo rosto sem nome no sofá
e sem mais nada.

quinta-feira, 21 de outubro de 2004

era sempre o mesmo

ela sentada na janela, maldizendo o vento que entrava e arrepiava as maçãs de seu rosto.

era o mesmo amor de sempre, aquele velho:
que ora capengava pelas escadas, ora corria pelos jardins.

acho que era outono.
fechou a janela e achou melhor buscar um novo amor


abriu o livro e sorriu:
estava tão perto e nem tinha notado.

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

parte I

ah Maria, as veis tenho vontade de chorar, aquelas de se torcer os beiço mesmo...
só de olhar esse povo fudido em vorta da gente

farta até a poeira pra sacudir dos pé
só não farta aquela secura de dentro do peito
e aquela força meio magra de carregar tudo nas costa

se meu choro molhasse a terra que a gente pisa, mas nem pra isso adianta né...

é por isso que nóis continua...

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

tão cegos

os olhos que eu tinha por aquele moço, minha maior ânsia não podia devorar.

mas me livre de dias livres e vazios,
onde eu não quero nem pensar em abrir a geladeira
ou o apetite que dizem que preciso ter

os olhos por aquele moço carregam fardos de dias carregados de um sangue que não se derramava,
mas bem que parecia.

era quando eu deitava e me sentia toda dormente que meus olhos se abriam e queriam procurar quem os fechasse
os matasse
ou calasse simplesmente num suspiro e adormecesse.

segunda-feira, 27 de setembro de 2004

erassim

era entre dia e outro
coisa e outra
barulho bom de ouvir

era coisa pouca
muita e pouca prosa
palavras de menos que conseguir

era festa e era briga 
ausência escondida 

naquele sincero sorrir

era calor e era cansaço
olhos fechados
e o corpo largado
na luta por resistir

segunda-feira, 13 de setembro de 2004

22:00

chegara em casa
jogou a bolsa de um lado e se jogou de outro.
sua casa estava cheia de gente que não esperava ver

esperava pelo pijama e cobertas quentes.

quem sabe mais um pouco de paciência?
e lá no meio da sala estava ele com aquele sorriso meiodebochado

nem terminou de cumprimentar os amigos.


aquele dia estava longo demais pra ela.

sexta-feira, 3 de setembro de 2004

mas eles viram

se não fosse aquela vontade 

prá lá de mazoquista

de ver com aqueles olhos
que a terra há de comer 

tudo o que eu acabava de pensar sobre aquele moço 
bem que eu quereria sair por ai sem rumo 
deixando o vento soprar algumas besteiras pra mim.


ou continuar ali, parada em frente a porta

devidamente trancada

sem praguejar e nem chorar. 
sem sentir nada além de uma surpresa meio mentirosa.


ah, se eu não guardasse tanta bondade eu maldiria aquela família inteira

que eu nem conheço nome.
se não fosse isso eu ia pensar seriamente em partir pra outra


como já me disse aquele um


mas acho que eu não ouvi...

sexta-feira, 27 de agosto de 2004

há tempos

ela folheava poemas antigos
bem aqueles que choravam a saudade dele

a mente lembrava e aboca sorria

o jogo virara

agora era ele quem colecionava lembranças

segunda-feira, 23 de agosto de 2004

meninota

ela sofre daquela mania de acreditar que tudo nessa vida tem jeito

vive saracoteando pra cima e pra baixo com tudo o que pode.
principalmente com a teimosia.

e justamente com o que eu acho que não pode.


mas bem que gosta de brincar por ai, só pra ouvir mais um tico dessas calúnias que ela vive.


ah, ela sossega um dia mãe...há de perder aquela santa paciência!

se é que tem jeito.

quinta-feira, 19 de agosto de 2004

boa noite

então é assim, 

depois de anos resolve aparecer.

entra em casa sem bater, 

senta 

e sente-se à vontade.



peço por sua bondade, favor se retirar...

o hotel acaba de fechar,

e a entrada está fechada indicutivelmente...


e sim meu amor,

exatamente pra você.

terça-feira, 17 de agosto de 2004

com que batom

A menina não tinha do que reclamar...
Mas não era assim aquela vida invejável
Todo dia aquele mesmo mais ou menos...
Decidiu-se.


Levantou, pintou os lábios e foi ... escreveu-os em que linhas...

Era poeta e nem sabia.