segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Renas, bonecos de neve e luzinhas piscando bem brega

 Eu juro que tô tentando. 

Acordei as 5 da manhã, não levantei. Fiquei até as 6h lendo e quando levantei percebi que fui atropelada durante a noite. Terreiro né, amores. A dor sempre vem na segunda feira. Ok, tomei meu café, botei café pros pretos velhos, tomei meu adivino e esperei a coisa funcionar. 

Aí tive uma vontade louca de levantar pra colocar as coisas em movimento. Quero fazer algo pro Natal. Assar biscoitos, pensar em uma comidinha diferente pro nosso almoço. Quem sabe até posso presentear umas pessoas com os biscoitos. Eu gosto de dar presentes, mas é frustrante fazer isso quando se tem zero reais. Esse ano usei uma boa cota para dar presentes criativos sem gastar quase nada, então ainda tenho guardado uma forcinha e um carinho pra fazer umas bolachinhas. 

Mas olha, assim que eu fui espalhar a ideia pela casa, já vi a cara de "nossa mas vai fazer uma bagunça/ vai dar um puta trabalhão/olha a quantidade de louça que a gente já sujou ontem" que minha pica natalina broxou na mesma hora. 

Eu tô cansada, tô com dor no corpo, tô de tpm e continuo deprimida, mas eu queria fazer. Eu quero ser mais forte que isso. Vim aqui, limpei minha casa, acendi umas velas, fiz uma oferendinha pra ver se a coisa aqui em casa se anima. Faz três anos que não comemoro Natal, é sempre nós três cada uma com uma cara de cu pior que a outra, a gente come e volta pro quarto. Como se não tivesse nada pra comemorar. 

Tem, óbvio que tem. Se você pode olhar pra trás e ver que passou anos em sequência vivendo dias difíceis, é porque você continua na ativa, nem que seja pra reclamar deles. A gente tá vivo, tá todo mundo vivo, tá todo mundo com os pratinhos cheios. Nossa casa é uma zona, bagunça, pelo, ração e alguns fluidos pra todos os lados, mas é nossa casa. Nossa. Finalmente a gente não tá mais morando de favor esperando a hora que o dono vai ter um surto e tirar a gente daqui. Nossa. Ainda falta pagar um bocado, mas o papelzinho que diz "pode sentar sua bunda aqui que daqui ninguém te tira" já está devidamente em nossas mãos. 

Eu sei, não é assim que funciona, já falei aqui o quanto me sinto ingrata. Uma pessoa pode ser privilegiada o quanto for e ainda se sentir uma merda, e as vezes justamente por este motivo. O que me assusta é saber que mesmo eu tendo consciência, que eu tenho um transtorno diagnosticado, que eu faço terapia, que eu tomo remédio, que eu procuro manter minha rotina o mais mental friendly possível... mesmo com tudo isso eu tenho dias bem bizarros. O que me deixa de cabelo em pé com quem não tem essa consciência e vive achando que foi só um dia ruim e que a vida é assim mesmo. Tá, nesta altura do campeonato eu já sei que a vida não é só campo de girassóis e céu azul, eu sei, já entendi. Mas quando acontece em sequência, quando teu corpo tá tentando de mostrar de todo jeito que tem algo de errado... porque que a gente enfia isso num canto e deixa pra lá?

A galera aqui se ofende quando eu sugiro certas coisas. E aí se a pessoa não se ajuda, não tem o que a gente possa fazer. Só resta tentar achar um jeito de tentar viver bem apesar de tudo isso. Tem dias que eu consigo, tem dias que é fácil e tem dias que eu tenho que passar cada momento ligadíssima. Hoje é um dia desses. Mas eu ainda quero Natal. 

Me deseje sorte.

Até amanhã, quem sabe. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário