sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

5 da manhã

 Deixa eu contar um negocinho aqui. São cinco da manhã agora, a gente vai ver o amanhecer juntos, olha que lindo. Bom, não exatamente o amanhecer, porque já tá claro, mas não o suficiente pra dispensar a luz acesa. Já faz um tempinho que estou acordada e tá tudo bem, porque eu fui dormir as fucking 8 da noite. Eu passei noites dormindo pouco e agora que consegui voltar a dormir, quero dormir até acordar. 

Meu corpinho é bem minha cara mesmo, quando dorme, dorme 8 horas bem certinho. Não tem essa de virar pro outro lado e continuar dormindo até meio dia. Se eu vou dormir mais tarde eu continuo acordando no horário de sempre, como se meu corpo já estivesse acostumado a minha própria doutrinação. Na hora de ir dormir eu sou vidaloka, mas pra acordar eu sou um reloginho. Exceto se eu tenho algum compromisso logo cedo e preciso contar com a minha astúcia matinal - aí não tem jeito, eu sempre "dormiria mais". O que é uma mentira descarada, porque, corpinho... eu te conheço. Você só tá fazendo drama. 

Ontem foi legal, plantei umas mudinhas que eu queria. Estou aos poucos fazendo um jardinzinho para os gatos (e pra mim também, oras), porque a gente adora e planta dá aquela cara de conforto, de lugar gostoso. Mesmo que aqui seja uma casa no meio do mato e tudo o que eu vejo pela janela é verde, ter dentro de casa é outro rolê. E os gatos adoram ter o que cheirar e eventualmente mastigar e destruir. Mas até que tá durando, eles estão cuidando bem. Mas pra isso eu preciso colocar lá quando as mudas já estão mais crescidas, então faço o berçário aqui dentro, que a turma de dentro é mais civilizada (as vezes). 

Eu vi uma guria que fez uma fonte pros gatos dela com plantas aquáticas e eu achei a ideia maravilhosa, porque deve incentivar muito mais eles a tomarem água. Todo esse processo tá sendo lento, porque eu vou tirando muda do meu quintal e esperando crescer, esperando um vaso vagar ou ter um dinheirinho pra comprar um vaso grande. Essa fonte verde aí na teoria precisa ser em um vaso de barro bem grande, porque as plantas aquáticas se alastram com facilidade e eu não sou assassina de plantas. Odeio ter que podar, então assassinar metade de uma planta porque ela se alastrou, não quero. Mas, o que eu tenho no momento é uma bacia de barro média, então vai essa mesmo. O objetivo é fazer alguma coisa, me dar ânimo fazendo alguma coisa. 

Mas logo a tarde eu senti o exato momento onde chegou uma voadeira mental da minha mãe. Na hora eu senti o alerta "corre daí" e fui pra casa. E sem surpresa nenhuma, a noite eu tava vendo uns pensamentos que queriam espaço na minha cabeça. 

Eu tentei escrever esses pensamentos aqui, mas eles são muito horríveis pra ficarem registrados, não consegui, apesar de serem uma possibilidade. Mas se a gente tem essa força criativa que nos move, a criatividade da vida é intangível e eu espero ser surpreendida por ela. 

Eu quero construir a minha vida. Eu tenho quase 40 anos e tenho a total sensação de que minha vida começou a pouco tempo, mas eu já comecei no meio do caminho - atrasada. Não tenho nada que me sustente além de um trabalho no momento falido, minha saúde mental/emocional é de chorar e o gasto mensal com meu estilo de vida "gateira extrema" é o mais enxuto possível - mas é de chorar também. 

Tem meses que eu não compro uma bala que seja. Não sou ávida consumidora de balas, mas dá pra entender o raciocínio. E pelo terceiro ano seguido, decidimos não ter Natal. Digo, comemorar do jeito que as pessoas comemoram. E acordei pensando em como poderemos fazer o Natal com um significado mais genuíno, porque é o que dá pra fazer e talvez seja uma oportunidade interessante. Mas eu tenho bastante certeza que vou precisar de força pra isso, porque eu provavelmente estarei sozinha nessa vibe. Eu não ligo de não ganhar presentes, claro, ganhar presente é algo super legal, especialmente quando é de alguém que te conhece e sabe do que você iria gostar. Mas tem aquela história do sapo na panela né, e enfim, você vai acostumando a não ganhar nada nunca. Físico, embalado num papel de presente, pelo menos. 

Mas eu quero viver esse Natal, resgatar o significado e o amor pela vida. Dentre a lista de objetivos desejáveis, vou começar enfeitando a minha casa, mesmo sabendo que vou passar mais tempo catando a decoração debaixo da cama por causa dos gatos. Ao mesmo tempo que isso me dá uma preguiça danada, catar aquelas caixas lá de cima, provavelmente cheias de aranhas, arrumar tudo pra depois ter que guardar. Eu preciso resgatar esses significados, essa magia, essa vontade de viver. 

Tenho passado esses dias melhores, mas o abismo tá logo ali pra me lembrar que não dá nunca pra não ter cuidado. Não dá nunca pra deixar de olhar pra trás e também olhar pra frente e pra todos os lados porque o próximo tombo pode vir de qualquer lugar. E se parece meio assustador viver assim, é porque é mesmo. Não tem drama nenhum, exagero nenhum. Quem já esteve lá sabe exatamente o cheirinho do fundo do poço. E esse cheiro eu senti ontem quando aqueles pensamentos me invadiram. Não dá pra relaxar. Me deixar sentir as coisas não significa mergulhar de cabeça no redemoinho de lamentações, até porque AGORA eu não tenho como mudar as coisas mais importantes aqui. 

O que eu posso mudar é o como e isso eu venho tentando, uns dias mais outros menos, mas sempre tentando. 

Me deseje sorte.

Até amanhã, quem sabe. 

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