terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Burnouts múltiplos e um céu cheio de estrelas mortas

 Todas as vezes que me deparei com a frase "cada pessoa é um universo" - e eu dei de cara com essa frase um bom tanto de vezes - minha cabeça logo viajava para o significado mágico da coisa. A palavra universo pra mim é quase sinônimo de mágica, magia. Como se as milhares de estrelas fossem pó de pirlimpimpim que vagam pelo céu, só brilhando e existindo e deixando tudo bonito, enquanto planetas de várias cores ocupam seu lugar decorando o Espaço. Mas a gente já sabe mais que isso, nessas alturas. A gente já leu, já estudou, já assistiu seriados suficientes pra saber que não é exatamente assim que a banda toca. 

Muitos daqueles pós de pirlimpimpins já morreram faz tempo, mas por alguma razão a gente continua enxergando a suas luzes. Mas se o meu Possante além de 4x4 e hibrido também fosse espacial, eu com certeza veria um verdadeiro caos ali em cima. Estrelas que explodem sem razão aparente, sóis com uma temperatura capaz de deixar o inferno se roendo e também um frio que curitibano nenhum jamais viu. Buracos negros que engolem tudo ao seu redor, silêncio, caos e vácuo. A biologia/magia da vida, aparentemente sem vida e ao mesmo tempo, vivendo desesperadamente. 

"O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima." Existe uma correspondência entre as leis e fenômenos de todos os planos de existência e de vida. O microcosmo humano é governado pelas mesmas regras que o macrocosmo universal e vice-versa."

O caos, o silêncio, a beleza e a natureza na sua forma mais primordial, crua, explosiva. As mãos que seguram a marionete que chamamos de casa. Assim como é em cima, é embaixo, e agora entendo melhor o que "cada pessoa é um universo" quer dizer. 

O que eu sou, com minhas bonitezas e feiuras, minha leveza e o caos, a magia e a melancolia que habitam meu olhar. Tudo aquilo que é meu, mais aquilo que tomei emprestado daqueles que eu escolhi ter por perto. Meu gosto musical, meus rolês favoritos, meu jeito de conversar, meus livros favoritos que muito antes já eram favoritos de alguém, tudo isso eu peguei emprestado, eu aprendi tudo isso um dia, provei, gostei e coloquei no meu bolso pra usar mais tarde - e sigo usando. 

Eu sou e carrego um universo de coisas comigo - no sentido infinito - e todas essas coisas vão e vem em estações, algumas mais longas que outras. Não sei dizer pra que lado fica meu suposto Sol, o que rege minhas estações e me faz murchar ou florescer. Não sei quem o que ele é ou se existe e muito menos o que eu supostamente deveria fazer se um dia eu chegar a entender se isso existe mesmo. 

Mas se até as estrelas já aceitaram que não podem só ficar lá brilhando pra sempre, eu posso me acalmar e aceitar também que as coisas vem e vão e tá tudo na mais absoluta ordem mesmo dentro do caos. Se minhas explosões fazem acertar meus pedaços no meio da cara do outro, também meu brilho quando ele der as caras, vai fazer sua mágica. E talvez seja esse brilho resistente, que fica viajando anos-luz mesmo depois do bum! derradeiro, seja justamente o que vai me lembrar do caminho de volta pra mim. 

Eu não quero chegar a lugar nenhum com essa viagem, não tem conclusão nenhuma e a diretoria ainda tá lá deliberando se vão aprovar uma nova temporada. Só sei que podemos esperar caos, explosões, silêncios, calmarias e pó de pirlimpimpim. A embasbacadora beleza e a fúria do viver. 

Nos desejo sorte. 

Até amanhã, quem sabe. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário