segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

O poder do sossego

 Às vezes me surpreendo com o poder do sossego. Talvez porque ultimamente eu tenha vivido uma vida lenta, mas ao mesmo tempo cheia de cobranças externas que não me deixam exatamente relaxar. É só uma vida lenta, tentando enfiar um tempo de descanso entre os meus pensamentos que ficam dando ordens e me lembrando de coisas que eu deveria ter feito há muito tempo ou estar fazendo neste momento. 

Fui viajar, ver meu amigo em Curitiba. Curitiba, como vocês sabem tem aquele climinha inglório toda vez que apareço por lá. Friozinho, chuva, garoa, tempo cinza... e não foi diferente dessa vez. Mas veio a calhar porque o rolê de carnaval que eu queria era justamente ficar em casa e curtir uma preguiça. Ver uns filmes, falar umas bobagens, falar sobre coisas sérias, tomar uns gorós e ler. E foi isso que eu tive. Dormi até mais tarde, li dois livros enquanto ele assistia seus jogos de futebol. Tive uma imersão sobre um futebol que eu não conhecia, um time que ganhou meu coração apesar de eu saber que nunca vou assistir um jogo. Um time que é pela resistência, que tenta fazer algo mais que apenas o óbvio. Achei massa de verdade. Ouvi músicas novas, fiz um novo pacto, que não tenho certeza se vai rolar mas que só pelo fato de ter existido já vale a pena. Faz alguns dias que cheguei e o sentimento bom ainda está presente. Voltei mais inteira, depois de ter passado dias em um estado de leveza e alegria que não sentia há muito tempo. Não estou me sentindo assim, mas ainda é melhor do que eu estava antes. Tô aqui escrevendo, afinal, e na sequência vou dar sequência aos meus estudos. Tô mais funcional de novo e talvez seja porque o remédio finalmente completou sua adaptação, apesar da tpm estar apitando na curva. Vamos ver quem ganha essa, façam suas apostas. 

É isso meu caro diário da injúria, dias de luta e dias de glória. Sossego é necessário. 

Me deseje sorte. 

Até amanhã, quem sabe.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Até parece

 É, eu sei, eu nunca mais vim aqui. Eu sei que é importante pro processo terapêutico e bla bla bla. 

Eu não consigo me concentrar na leitura. Eu sempre leio um pouco enquanto tomo café, mas já levantei várias vezes porque parece que o compromisso que eu tenho daqui a uma hora é daqui a 5 minutos e eu não posso esperar mais. De certa forma, eu sou grata pelas coisas que eu sou obrigada a fazer, porque elas me obrigam a sair da inércia. Inércia qual eu não estou conseguindo me concentrar. 

Eu tenho que ir buscar as cachorrinhas que vão ficar aqui no fim de semana. O mesmo tanto que eu odeio ter algo marcado com horário eu também tenho que agradecer, eu acho. De tarde tenho terreiro e é a mesma coisa. Horário, coisas pra arrumar antes disso e pra isso. Me deixa nervosa. Parece que minha cabeça perde a noção de quanto tempo leva as coisas e eu fico sofrendo como se eu já tivesse atrasada. Daí eu não consigo me concentrar na leitura. 

Amanhã eu vou escapar pra Curitiba. Finalmente vou ver meu amigo a sós, sem ter que interagir com mais pessoas ou resolver coisas ou ajudar em eventos que são legais mas que eu preferia não participar. Mesmo sendo com a pessoa que eu mais confio nessa vida, ainda estou com medo da interação ser demais. Mesmo sabendo que ele provavelmente entende minha necessidade de ficar quieta porque ele é exatamente igual. Mas também estando apenas nós dois, também não vou poder escapar pra dentro do meu livro. O que é exatamente a ideia de estar viajando, mas enfim. Sabe quando dizem que quando não se sabe pra onde ir, qualquer caminho serve? É mentira. Eu não sei pra onde escapar ou o que eu quero fazer, mas tem coisas que eu sei bem que não quero, definitivamente. 

Essa semana foi difícil. Relativamente mais simples comparadas as outras, mas a anedonia, a amargura e o vazio estavam bem presentes. Também foi uma semana de novos começos, novas tentativas. Comecei terapia com a psicóloga nova, que vai fazer uma anamnese pra ver se a ansiedade e a depressão escondem mais alguma coisa por trás. Faz quase duas semanas que estou tomando medicação e apesar de não estar sentido muitos efeitos colaterais, também não estou sentindo grandes melhorias. Tenho tido crises suaves de ansiedade todos os dias e a angústia segue firme. Tenho zero vontade de fazer qualquer coisa. Até arrumar a mala foi um esforço. 

É uma bosta viver assim. Mas estou mas confiante que pelo menos agora estou no caminho de descobrir se tem algo por trás de tudo isso, porque meu corpo responde assim e dai tratar direito. Pelo menos isso.

Fiquei a semana toda me puxando pra fazer outras coisas, continuar minha cortina, qualquer coisa além de ler. Não fiz. Essa semana também não teve aulas com o professor de magia, e aí eu perco todo o ritmo. Eu tô perdendo o ritmo das coisas muito fácil. Com o novo tratamento de ginecologia natural, que eu não tô fazendo, aliás, eu perdi o ritmo de tomar água. Tô tentando voltar com isso, a tintura também porque ela me fazia bem até não fazer mais, mas tá sendo um esforço. Não quero morrer, mas quero ficar encostada num barranco até que a morte resolva me enxergar. 

Ás vezes sinto aquela faísca lutadora em mim, querendo sair e enfrentar esse touro de frente, mas ela logo desiste. É como se ela fosse só um sonho, um holograma, um devaneio de criança. Como se ela nunca tivesse existido. Eu sei que eu não sou essa casquinha frágil que eu sou agora. Essa casquinha sem graça, sem cor e sem vontade. Eu sei que dentro de mim tem cores fortes, tem palavrões criativos, uma vontade sobrenatural de fazer as coisas acontecerem mesmo dentro de um universo de possibilidades limitadas. O meu universo atual. Mas ela se perdeu no labirinto de névoa e confusão mental. No labirinto onde tudo é exacerbado, onde eu consigo sentir absolutamente tudo com profundidade. Uma palavra, um sentimento, um barulho, tudo vem como um tiro de bazuca diretamente no meu peito. È por isso que eu quero ficar sozinha e em silêncio, porque tudo me fere. Tudo me faz tremer, tudo me tira do eixo. Uma casquinha. E ao mesmo tempo eu tô vivendo dentro desse limbo sem graça, sem cor e sem vontade. Como é possível sentir tudo e não sentir nada ao mesmo tempo?

Tenho tido muitos, muitos sonhos. Essa noite mesmo lembro de pelo menos dois. Noite passada também sonhei. Sonhos ok, sem perturbadores nem bons, apenas sonhos. Nada revelador, nada instigador. Mas em quantidade suficiente pra me confundir da realidade. Será que sonhei ou será que eu vivi isso? Tem horas que eu não sei, ou levo alguns segundos pra descobrir. Tô melhor mas tô ficando maluca. 

Eu quero melhorar, quero ficar bêbada de alegria, idiota, rir sem motivo, fazer piadas ruins e falar bobagens. Cadê essa Georgia? Cadê a Georgia lutadora, idiota, feliz, colorida, sonhadora? Será que ela sempre foi miragem? Quem sou eu de verdade? São pessoas tão diferentes que é difícil conceber que ambas são partes da mesma pessoa. Maluca, é isso. 

Alguém me encontre e me devolva pra mim, porque eu quero muito voltar pra casa. 

Me deseje sorte, 

Até amanhã, até parece. 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Só pra dizer que tô aqui

 Certo, escrever é importante. Então vamos escrever. 

Eu acabei abandonando tudo, para surpresa de zero eus. A leitura não, espertinhos. A leitura continua sendo meu refúgio secreto e maravilhoso. Agora quanto ao resto... já era. Estou tentando reanimar as áreas que caíram no limbo, que são todas, mas também não tô lá me esforçando muito. Semana passada fui ao psiquiatra, comecei meu tratamento ontem. Fui também a uma ginecologista natural, para tentar cercar de todo lado aquilo que influencia meu humor. Tô fazendo tudo direitinho. Tô melhor, tô, mas não tô bem. 

Já consegui limpar a casa, isso é um avanço tremendo. Ontem tive ajuda da minha mãe com o gatil que tava em triste estado. Mas por uma obra divina, fizemos e terminamos. Hoje peguei minha casa sozinha e não ficou ótimo, mas o básico bem feito tá aí. Pequenos enormes avanços comparado as últimas semanas. 

O estudo do curso ficou abandonado, mas eu vou retomar. Vou pular umas partes que eu já sei e dar foco pras coisas mais complexas e se sobrar tempo eu volto nessas partes aí. Não dá pra ficar me enchendo o saco com isso, tá super claro que eu preciso urgentemente é de sossego. 

No momento tô tomando ansiolítico, vitamina, suplemento, cogumelo, chá e tintura. Alguma coisa há de funcionar. Eu sempre fui contra tomar remédio tarja tensa. Sou contra pra mim, porque tive experiências horríveis com adaptação e efeitos colaterais, com direito a pensamentos suicidas e tudo. Mas dessa vez eu caí tão baixo que já tava tendo pensamento suicida sem nada, então de certo pior não fica. E quem sabe tava faltando me olhar com um pouco mais de acolhimento e reconhecer que o que eu tenho é uma doença e sendo assim, precisa ser tratada. E talvez eu precise dessa medicação por um tempo mais longo. Tomara que não. Mas decididamente eu não quero mais viver nessa montanha russa emocional que eu tenho vivido nos últimos dois anos. Esse limbo eterno alternado com poucos momentos de leveza. Não dá, de verdade não dá e não é assim que eu quero viver. Então se o preço disso é dar o braço a torcer e tomar o comprimidinho sinistro, bora lá. 

E de novo estou aqui tentando achar um jeito de viver bem comigo, de sobreviver meus dias, de tentar mas sem tentar muito, de me preservar e achar um meio termo pras coisas. Mas tá foda, tô cansada, tô desanimada. 

Vamos ver o que me aguarda. 

Me deseje sorte. 

Até amanhã, quem sabe.