quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Acha que cola?


Me contou a história toda até o final, do jeitinho que ele tinha ensaiado.
- E ai, acha que cola?
Cola, cola. Vai lá que eu estou torcendo. Vai dar tudo certo.
- É... mas é que é meio mentira né? Não gosto disso, se eu esqueço um pedaço daí vai complicar tudo.
Complica nada. Vai lá que vai dar certo. E me liga quando tiver voltando.
Então dei aquela batidinha de leve nas suas costas, e ele pegou sua história, estufou o peito, abriu a porta e foi a luta.
Só quando já era tarde demais lembrou de ter deixado a cara de pau em cima da mesa. Bem que reparei que o telefone tocou mais cedo do que eu tava esperando. Mas agora pelo jeito não adiantava mais ir ajudar.
O coitado levou um chute bem no meio da coragem, muito antes de poder terminar de contar o causo.
Ouvi depois a mãe dele dizendo que já sabia que não ia dar certo e depois mais uns três vieram dizer também. Refogaram pra janta o que sobrou da esperança do cara com o resto da paciência que ele tinha trazido.
Encontrei ele num canto, sentei e falei tão mal da véia quanto eu consegui improvisar. Eu gostava dela. E ela nunca ia saber o que eu tava falando.
Agora ele parecia até mais aliviado, sentiu que não era o único desfavorecido pela estupidez desembestada daquela mulher.
Fui dormir todo orgulhoso da minha boa ação do dia. Eu tava ficando bom nisso.
Até que aquele imbecil resolveu contar tudo pra véia. Fizeram as pazes.
Agora era eu que tava ensaiando história.
- E ai, acha que cola?

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