segunda-feira, 27 de junho de 2011

Não tem perdão

EU SEI que minhas condições estavam precárias,
  mas eu só conseguia pensar na maldita calcinha meio furada. 
Eu explico:
Eu tava num dia meio ruim. Tava meio azeda, meio com pressa, meio virada dos ovos que não tenho, e encarei na gaveta aquela coisa pavorosa - a tal da calcinha meio esculhambada. Aconteceu que ela encarou de volta e eu resolvi que então hoje ia ser o dia dela.
E deitada no meu quase leito de morte, só conseguia pensar na vergonha de mais alguém além de mim saber da existência dessa calcinha medonha da minha gaveta. 
O que ela tava fazendo lá afinal? E pior, o que eu tava fazendo usando ela num dia como aquele?
Eu não sei. Mas o universo resolveu que ia me atropelar na rua bem nesse dia. 
Um carro, um sinal vermelho e aquele escarcéu todo. Ambulância, sangueira pra todo lado, e a calcinha dos infernos.
E enquanto eu estrebuchava na enfermaria, era só isso que me passava pela cabeça.
Nunca mais vou perdoar outra calcinha de dias contados. 
Você também não deveria, vai por mim.

Um comentário:

  1. A minha preocupação, às vezes, qdo saio de casa, é sobre a possibilidade de eu sofrer um acidente e estar com as pernas peludas na ocasião.

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