EU SEI que minhas condições estavam precárias,
mas eu só conseguia pensar na maldita calcinha meio furada.
Eu explico:
Eu tava num dia meio ruim. Tava meio azeda, meio com pressa, meio virada dos ovos que não tenho, e encarei na gaveta aquela coisa pavorosa - a tal da calcinha meio esculhambada. Aconteceu que ela encarou de volta e eu resolvi que então hoje ia ser o dia dela.
E deitada no meu quase leito de morte, só conseguia pensar na vergonha de mais alguém além de mim saber da existência dessa calcinha medonha da minha gaveta.
O que ela tava fazendo lá afinal? E pior, o que eu tava fazendo usando ela num dia como aquele?
Eu não sei. Mas o universo resolveu que ia me atropelar na rua bem nesse dia.
Um carro, um sinal vermelho e aquele escarcéu todo. Ambulância, sangueira pra todo lado, e a calcinha dos infernos.
E enquanto eu estrebuchava na enfermaria, era só isso que me passava pela cabeça.
Nunca mais vou perdoar outra calcinha de dias contados.
Você também não deveria, vai por mim.
A minha preocupação, às vezes, qdo saio de casa, é sobre a possibilidade de eu sofrer um acidente e estar com as pernas peludas na ocasião.
ResponderExcluir