segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Feliz Ano Novo e tal

 Não sei direito como me sentir nessa data, sempre foi a festa que eu menos gostei. Num geral, odeio ficar acordada até muito tarde, especialmente se o apelo é apenas esperar o reloginho virar pra meia noite, comer uns bagulhinhos em volta de um monte de gente que também tá querendo dormir. Ou que já tá rolando de bêbado.

Antigamente eu tinha que ficar acordada, mesmo que a comemoração fosse mínima, dentro da minha casa, porque eu tinha que ficar cuidando dos animais que morrem de medo de fogos. Tinha toda uma preparação e a gente ficava acordada até mais de 1h, porque sempre tem os retardatários que soltam fogos uma hora depois. Aqui no interior tem muito menos barulho, e na teoria a barulheira dos infernos foi proibida. Na teoria, infelizmente.

Também tem o lado que, mesmo sabendo que é tudo um contínuo, que a gente só vai seguindo, e que essa marcação é só mais uma – tem uns três tipos de ano novo pelo ano só pelo que me lembro agora, eu não deixo de ter uma sensação de angústia.

Me sinto como se estivessem me entregando um pacote, um cheque aparentemente em branco, mas que se você olhar bem, tá escrito em letras incrivelmente miúdas. Me traz ansiedade pensar o que aquele próximo bloco de tempo reserva, até porque eu sou gata escaldada. Sempre penso se vou perder alguém, humano ou peludo, e se eu devia estar aproveitando melhor a companhia de alguém que nem sei que vou perder. Já me sinto de antemão ingênua e impotente de ficar acordada até mais tarde, comemorar, fazer planos, para no fim aquele ano vir com uma voadeira e me destroçar.

Então eu prefiro ignorar. Só seguir o baile e não pensar em blocos de tempo e o que eles podem trazer pra minha vida.

Ah, eu sei, não são só de mudanças ruins que a vida vive. Mas gata escaldada tem medo de água fria também. Numa vida onde as tragédias parecem ser tão mais potentes que as vitórias, talvez esteja certo. Talvez porque as vitórias sejam mais silenciosas que as derrotas. E de novo, numa vida onde a média tá sempre baixa, qualquer perda faz um rombo no placar. Provavelmente é ignorância minha.

Vamos caminhando pra ver o que vai dar.

Me deseje sorte.

Até amanhã, quem sabe.

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