terça-feira, 3 de janeiro de 2023

E agora?

Eu tenho noção de que sou velha há muito tempo. Não de idade, não de aparência, mas de costumes, vontades, hábitos e forma de pensar. Mas volta e meia acontece alguma coisa que me faz me sentir como uma criança, seja pela ingenuidade, fragilidade ou simplesmente pela falta de habilidade em lidar com alguma situação ou emoção. 

Eu tenho sido firme em respeitar minha vontade e especialmente, em não deixar ninguém abusar da minha boa vontade e disposição. Claro que a pessoa número um, campeã invicta nesse aspecto é minha irmã. Ela não é conhecida pela organização que ela mantém, nem sequer limpeza. Ela deixa muito claro que ela não se importa com isso, é claro, ela quer as coisas limpas, desde que não seja ela segurando a vassoura. Já larguei mão de tentar manter a parte comum limpa porque ninguém parece ter o mínimo apreço em desviar das suas preguiças pra manter o lugar organizado, mesmo que a pessoa tenha passado dias organizando aquilo. Águas passadas. 

Bom, ela me pediu pra ajudar a organizar a casa dela porque ela vai receber um amigo. A casa dela tá apocalíptica há vários meses, com a desculpa de que ou ela está muito mal para conseguir limpar (o que eu entendo) ou que está muito ocupada produzindo para usar o tempo pra isso, o que eu também entendo. Acontece que eu já ajudei ela outras vezes e o desfecho é sempre o mesmo, eu acabo fazendo tudo ou a maior parte, porque ela trabalha por cinco minutos e vai ver o celular, "precisa sentar um pouco" e empilhando desculpas até que eu tenha terminado tudo sozinha. E não dura nada, a visita vira as costas e ela continua a zona de onde parou. Então só isso já não é grande motivador. 

Também tem o fato de que no geral, ela me trata mal. No geral, ela me trata bem quando ela tá bem com a vida dela, o que não é comum, ou quando ela quer alguma coisa. Tivemos dias legais ultimamente, e me deixa triste o fato de acabar nisso, ela pedindo alguma coisa porque estamos bem. 

Hoje e amanhã eu tenho que atender, com horário fixo, e também tenho que dar conta das minhas coisas que acumularam por aqui. Tive cachorro hospedado até ontem, que mijaram por tudo e por consequencia, os gatos também, porque afinal, eram intrusos na casa deles. Então meu plano de hoje era começar a limpar essa bagunça, atender, voltar pra casa e continuar, depois atender de novo e no intervalo estudar e fazer minhas coisas. 

Eu finalmente comecei a fazer umas pinturas no gatil que eu queria há muito tempo. E no meu tempo livre, eu quero fazer isso. 

Aí a parte onde me sinto infantil é justamente essa. Me custa ajudar? Não. Só me custa o fato de eu me botar em segundo/terceiro lugar pra ajudar alguém que eu não quero e que muitas vezes nem merece. Isso me parece um preço bem alto. Eu expliquei que eu tenho essas coisas pra fazer e a resposta foi a de sempre, aquela revirada de olhos, deixando bem claro que ela tá pouco se fodendo pro que eu tenho que fazer, que a minha prioridade deveria ser ela. 

Só que eu peço ajuda da minha mãe quando eu preciso, quando eu não consigo. Mas nunca pedi ajuda porque fiquei meses bagunçando e sem mexer um dedo pra mudar isso. Eu sempre tõ tentando manter a ordem, afinal eu me sinto e sou responsável por várias vidas aqui, que não tem nada a ver com os meus desarranjos emocionais. E é sempre uma ajuda, nunca ninguém teve que fazer tudo por mim enquanto eu estava lá, me fazendo de sonsa enquanto alguém arrumava minhas merdas. 

Então isso me pega de um jeito estranho, me irrita, me faz me sentir usada e puta da cara. Ofendida. Ao mesmo tempo que eu não quero discussão, porque qualquer argumento com ela sempre, invariavelmente acaba em discussão, eu também quero falar tudo isso pra ela. Mas não sei exatamente com quem estou sendo injusta. Eu tenho argumentos pra todos os lados, o meu e o dela. 

De qualquer forma, mesmo que eu ajude, eu vou me certificar de que seja uma ajuda e não um abuso. Mas eu vou tentar me esquivar do jeito que eu puder. 

Me deseje sorte,

Até amanhã, quem sabe.

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