quarta-feira, 23 de março de 2011

O teatro que não dava pra entrar e duas mulheres que não paravam de falar

Foi basicamente isso.
Quando cheguei ela já estava lá. 
Eu mal a conhecia pra saber, mas a cara dela dizia que tinha alguma coisa errada. 
Oi, tá cheio - ela disse.
Ah que bom, vamos então?
Não. Não dá pra entrar, tá cheio.
Ah. 
Toda aquela gente voltando enquanto eu chegava. Agora tudo fazia sentido. Era a terceira vez que eu tentava ver essa peça. Mas a peça não queria me ver.
Um café? Ela apareceu de volta e disse, ou talvez ela não tenha saído dali em nenhum momento. Não sei. A peça não me queria.
Isso. Um café. Mas onde? Vamos, vamos indo.
Então fomos andando, sem peça, sem pressa, conversando. E conversamos até nos dar conta que atravessamos a cidade caminhando, sem encontrar um café aberto da cidade. 


EI VOCÊS, estamos na capital! São oito horas, porque não tem café aberto?


E olhando ali quase enxergamos um pessoal na varanda tomando chimarrão. Quase, porque aparentemente eles não estavam lá. Não, eles não estavam lá de maneira nenhuma. Tenho quase certeza.
Então andamos. E como não sabíamos nada uma da outra, aquela era a melhor hora pra começar com isso.
Finalmente uma porta aberta apareceu. Entramos e um pouco além da porta ficava a mesa dos tomates, e era essa nossa mesa, sem dúvida. Até porque dali dava pra ver as luminárias gordas charmosas do lugar. Isso.
Quando o chocolate quente  chegou, nós duas já estávamos quase alcançando o nível 2 do estágio "amigas de infância". Quando o chocolate estava pra acabar, já estava frio, porque você sabe, não dá pra falar e beber ao mesmo tempo. Até porque os chocolates de hoje em dia gostam de exclusividade. Os mais antigos eram mais liberais pelo que me lembro. Ou era eu que não me importava com os bigodes. Enfim.
Depois que cheguei em casa, tive a impressão de que muito chocolate vai passar pelas nossas xícaras até que todas as histórias sejam contadas.
E eu achei isso muito divertido. Quem não gosta de chocolate?

3 comentários:

  1. Ah, esses chocolates marotos de hoje em dia...

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  2. chocolate, bigode de chocolate, peça que não quer nos ver, recém-amigas de infância, chimarristas imaginários, luminárias gordas e charmosas (sim porque a seu jeito charmoso de ser gordo assim como um jeito deselegante de ser magro e vice-versa, tudo isso é muito divertido - aliás, deixar de ver uma peça pode ser tão ou mais divertido do que vê-la a depender de como se vê as coisas e se aproveita as oportunidades. beijos

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  3. Absconso-G-admirador15 de julho de 2011 às 18:14

    Chocolate em boa companhia. Atrás de uma tela, à frente de um sofá. Existe coisa melhor em um anoitecer como este?

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