quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Isso aí

Sacudia com cuidado a cabeça, apertava e abria exageradamente os olhos, inspirava e soltava o ar com toda força - é, não vai adiantar - tava tudo igual.
Passou a mão por trás da cabeça, arreganhou os cabelos, fez menção de arrancar tudo num puxão (não puxou), contraiu toda a cara, sobrancelhas, bochechas e pelo que sentia podia dizer que tava contraindo também as coisas lá por dentro da cabeça.
Claro que ainda não tinha pensado em levantar, quem sabe até ajudasse pegar o celular de cima da mesinha e ver que dia era e que horas, apesar de achar que isso não faria nenhuma diferença no momento. E também, ela ali do lado só diria, mas que raios de mesinha você quer agora? naquela voz meio embolada.
Eu não queria nenhuma. Não queria nem que ela estivesse ali. Mas estava tudo ali, dolorosamente firmando sua presença. Ela, a mesinha, o celular, o dia (sabe-se lá qual) com suas horas e minha cara contraída. Eu não podia fazer nada. Não sabia onde eu estava, onde eu estou, e que dia, se é que ainda é dia.
Manter o foco, eu pensava. Eu abria de novo os olhos e nenhuma das coisas a minha frente parecia sair da forma de nuvem - Nuvem.
Nada mais de arrancar cabelos e espremer a cara. É isso. Não sei como eu cheguei, mas estou aqui. Nuvem. Agora tá tudo certo, agora eu entendi... Entendi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário