sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Muita mobilidade e pouca noção

A mulher tava falando, mas metade dos que estavam ali estavam mesmo conseguindo escutar. Não que ela tenha criado uma atmosfera anti ruído com algum objetivo malévolo envolvido para pegar desprevenidos algumas dezenas de inocentes interessados dando sopa. E também não tinha nada a ver com o volume do microfone. 
Quanto aos que não ouviam, certamente não era por estar desprovidos de suas competências auditivas, mas sim muito provavelmente das sensoriais (de senso, do bom deles, especificamente) já que não conseguiam desgrudar dedos e olhos e sabe-se-lá-mais-o-que de pequenas, médias e relativamente grandes telas brilhantes.
Enquanto ela falava, os olhos e dedos se moviam quase com vida própria na platéia, e os olhos em volta reforçavam um pouquinho do constrangimento que os respectivos lábios retorcidos demonstravam.
Mas do palco ela prosseguia, maravilhosa e inabalável, derramando dela mesma pra quem quisesse (e também pra quem não quis) ver, ouvir, perguntar e aplaudir depois. 
Quem não ouviu, aplaudiu quando acabou, mas eu tenho aqui minhas dúvidas se eles sabem mesmo porque tavam fazendo isso. Talvez porque fosse (finalmente) a hora de ir embora.

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