Foram dias estranhos. Talvez ainda sejam e seja eu quem não está acordada o suficiente ainda para perceber.
Eu não tinha nenhuma palavra em mim, fosse pra escrever ou falar. Passei dias falando apenas o necessário. É um bom exercício, eu acho.
No entanto a mente...ah, a mente. Essa não para nunca. Imagens, sensações e palavras. Enxurradas delas, nenhuma que prestasse.
Ainda sinto o peso da mente sobre meu peito, mas com uma intensidade menor o suficiente pra me trazer de novo aqui. Pra arriscar um passo pequeno que seja, a mais.
Estamos no dia 29 e eu acabei de terminar meu vigésimo livro. A maioria deles com 600 páginas, o maior dele com mais de 800. Dizer que eu me isolei é eufemismo. Dizer que eu fugi desesperadamente da minha própria cabeça é nada mais do que a verdade.
Não tenho certeza se quero voltar pra realidade. Ela não tem me feito sentido nenhum, assim como falar com qualquer pessoa que seja. Sou eu que tenho que resolver, que encontrar a saída. Eu que tenho que abrir o caminho até encontrar a luz no final desse túnel interminável.
Ando me arrastando pela vida, com o corpo fraco e a mente em frangalhos. Uma carcaça ambulante. Sorte a minha ser uma carcaça bem teimosa. A única e talvez a mais preciosa sorte. Pelas numerosas vezes em que quis enfiar a cara no travesseiro até não conseguir mais respirar, estar aqui é um ato de resistência onde eu sou meu próprio herói e feitor. Eu sou tudo isso, apesar de não ser nada mais que um sopro nesses últimos meses.
Vamos ver o que o dia de hoje me reserva.
Me deseje sorte.
Até qualquer dia.
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