E quando menos você espera, a ficha caiu.
Você está sentado com seu livro dentro do ônibus a caminho de qualquer lugar, quando a ficha redondinha do seu entendimento se atira no chão. Dois segundos muito compridos pra explicar.
Talvez dê pra ouvir o barulho surdo que faz o estômago, se contraindo, e o canto da boca que se movimenta, dependendo, para cima ou para baixo. A ruga que aparece na testa pra confirmar tudo. Os segundos de puro silêncio como em respeito ao que acabou de ser dito.
Então os diálogos mentais que se seguem pra tentar des-saber, voltar atrás, recuperar o rebolado e fazer de conta que não aconteceu nada. Pra ver se cola o tal já tava assim quando eu cheguei.
A ficha ainda rolando no chão e o tremendo elefante cor de rosa na boca do estômago. E nada mais do jeito que era antes.
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraido. O pior da vida é perceber-se, repentinamente, nú. A sensação atroz de estar no lugar errado, na hora errada, fazendo o que não devia ser feito.
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